segunda-feira, maio 30, 2005

 

Vive la France!

Uma vez mais, os franceses souberam estar à altura das circunstâncias. O NÃO rotundo ao projecto imperialista europeu que nos tentam impingir os partidos-sistema, independentemente das siglas que assumam, pretende subsumir o continente na vertigem ultraliberal que faz doutrina nos EUA desde há décadas, com os catastróficos resultados que são do conhecimento comun.

Em Espanha, onde também governa a esperteza saloia, a oligarquia dominante cozinhou no passado mês de Fevereiro um plebiscito à moda antiga das ditaduras peninsulares. isto é, concebido para obter o resultado que o tratante Zapatero e respectiva camarilha, tanto à "esquerda" como à direita, serviram aos eleitores em tom de dramatização civilizacional. No meio de uma ignorância generalizada e com baixíssima taxa de participação (43%), os eleitores bem comportados viabilizaram a ratificação da sua própria sentença de morte, provavelmente sem conhecer uma única alínea do Tratado que Establece Uma Constitui... Blah Blah Blah...

Em França a coisa pia mais fino. Não se trata apenas de um voto de protesto contra as panaceias antilaborais de Raffarin e Chirac, como os "merdia" bem pensantes nos querem fazer crer. Arrolar a primazia da xenofobia populista enquanto leitmotiv também não me parece honesto.
O que mais fode os senhores politicamente correctos da eurocracia é a natureza predominntemente esclarecida do chumbo francês.

Se toda esta tramóia corporativa com roupagem constitucional se pudesse arranjar sem a chatice jurídica das consultas populares em países avançados, todo o processo decorreria sem peripécias e a contento de Zapateros, Rajoys, Barrosos e outros epígonos da desregulação...

É tal a sua periclitância moral e falta de pudor que a tragédia de ontem já se transforma na demagogia da esperança hoje mesmo. O temido NÃO dos franceses não travará o inelutável andamento do império. Assim se constrói a democracia burguesa nos dias d'hoje.
A legitimidade da soberania popular só reveste utilidade quando cumpre as expectativas dos poderosos.

A Europa plurar, social, dos povos e das identidades agradece aos franceses o varapau que acabam de enfiar na peida sebosa destes mequetrefes que se dizem nossos representantes.



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