quinta-feira, dezembro 23, 2004

 

Sócrates: a direita que gere bem

Marcha triunfal.
Antes da trégua natalícia, um breve reparo sobre a previsível vitória do PS socrático nas legislativas de Fevereiro. Muito se fala sobre a continuidade do guterrismo na pessoa de Sócrates, opinão que até o senso comum menos lido rectifica com justeza. Assinalo, no entanto, uma diferença apriorística fundamental. Pelo que tenho analisado através da impresa on-line e da própria retórica oficial do partido, adivinha-se um mandato onde em raras ocasiões se transporá o umbral da Ironia.
Da Maiêutica só nascerão, como sempre, as medidas que contentem o patronato e espezinhem os direitos mais elementares de quem trabalha.

O Sócrates é um gajo com pinta de espertalhão polido, o homem providencial do Sistema para guiar o cortejo penitente da Missão Portugal rumo a lado nenhum, destino colectivo que desde há séculos nos condena à errância perpétua. Esta aparição do gestor competente, do tecnocrata sem frémitos ideológicos, faz-me lembrar o regresso triunfal do ditador de Santa Comba, em 1928, para sanear as contas públicas e meter ordem no chafúrdio.

É sem dúvida o PS mais descolorido, sensaborão e conservador de que guardo memória, talhado para administrar sem alarde os espúrios interesses da grande burguesia lusitana. Um partido que de Esquerda só mantém o posicionaento estratégico oficial para surripiar votos ao eleitorado urbano menos tacanho.

Comparado com este senhor de quem vos falo, o engenheiro Guterres tinha pelo menos a dádiva da demagogia. Quando vexava em público o delfim nado-morto do cavaquismo (2 rebuçados à moda do BE a quem se lembrar do Fernando Nogueira) até PARECIA canhoto, ténue insinuação prontamente desmentida pela acção governativa em prol desse graal que torna viável o nosso projecto de nação soberana, a santa estabilidade do Portugal dos pequeninos.

Digamos que o Sócrates é uma versão mais instruída e avisada dessa mesma direita caceteira que nos tem devorado desde a (re)fundação do regime, em 25 de Novembro de 1975.

Folgo em saber que o Concílio do BE emitiu uma vigorosa encíclica na qual recusa qualquer vinculação ao programa de governo deste PS definitivamente empresarial.

Reitero também o meu voto no PCP reabilitado, infíma conta no ábaco do sufrágio encenado pelos inimigos da minha classe social..

Votar com utilidade é votar em consciência, sem ceder às habituais chantagens eleitoralistas. Aprofundarei este tópico noutro pronunciamento.



<< Início

This page is powered by Blogger. Isn't yours?