sexta-feira, dezembro 17, 2004

 

Elogio a Jerónimo

O camarada Jerónimo em solilóquio.
A investidura do camarada Jerónimo como secretário-geral dum Partido em que me orgulho de haver militado durante 2 anos e meio, enche-me de júbilo e de esperança. Nessa efémera passagem pelo velho PC, que então titubeava entre o imobilismo carvalhista e o constante ataque dos mediatizados renovadores, já nem a linha moderada do Barreirinhas Cunhal prevalecia. Fiquei com a sensação que não era mais do que albergue comum para "malta progressista", vagamente reformadora e com o ímpeto revolucionário esmorecido. De entre as poucas iniciativas políticas em que participei, destaco a campanha para as legislativas de 1995, as tais que deram a vitória ao PS de sotaina.

Recordo uma noite de memorável liturgía (odeio comícios e actos de rebanho em geral) no pavilhão do Sport Operário Marinhense. Por entre um revoar de bandeiras brancas, as da CDU, e um punhado de estandartes do proletariado, eis que a megafonia anuncía a subida ao púlpito do camarada Jerónimo. Foi o momento culminante de uma sessão aborrecida e previsível.
Tomado de fervor doutrinário e em mangas de camisa, Jerónimo encarreira um discurso lógico, coerente, fundamentado, pleno de vitalidade dialéctica, analisando com precisão os temas da actualidade de então, que só mudaram para pior, sublinhe-se. Enfim, o único orador com substância marxista temperada na experiência da luta sindical. Contava apenas 19 anos e a comoção traduziu-se-me num ondular enérgico e temerário da bandeira vermelha com a foice e o martelo, a única que respeito na minha iconografia simbólica, a única que amo.

Desde esse momento, a minha estima e profunda admiração intelectual pelo camarada Jerónimo, que dispensa título para atestar competência, manteve-se inalterada, mesmo quando deambulei pelas lérias/latrinas da pseudo-extrema esquerda aburguesada, agora condenada à extrema unção e ao completo apagamento. Falo-vos de um bluff chamdo UDP, já totalmente plasmado na benzoco/bazaroco-charraria do Bloco.

O momento difícil que atravessamos não está para brincadeiras. Entre uma fantamasgoria do guterrismo ainda mais ordeira e a casa de putas de sant'ana, entre um PS espoliado do mínimo património ideológico que o oranava e as portas com ferrolho, só há uma solução para a mudança de panorama. Votar no PCP e em força! Suspendo no dia 20 de Fevereiro de 2005 o meu voto anarquista de nunca pactuar em sufrágios encenados e outorgo-o à lista que o meu Partido apresenta no círculo eleitoral onde estou, por força de lei, inscrito.

AVANTE, CAMARADA, AVANTE!



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